terça-feira, 19 de janeiro de 2016

 

Tempo e liberdade

“E fixou o tempo de todas as coisas” At 17




“Vivemos esperando o dia em que seremos melhores na dor, melhores no amor, melhores em tudo...” J Quest

Gostaria de refletir com você hoje o tema tempo Juventude. Lembro-me da advertência de Renato russo na música Pais e Filhos, onde ele menciona que: “Herdeiros são agora da virtude que perdemos. E a tempo nem os santos tem ao certo a medida da maldade. E a tempo são os jovens que adoecem...”

Fico feliz que a arte, antes a sensibilidade do artista ainda tem a função de desmascarar a realidade, de escancarar as janelas de nossas almas e, assim, refletir nossas angustias mais profundas, isso ocorre em plena era do Fank, esses tipo de música que tem por objetivo sufocar toda forma de pensamento que não seja erótico ou sensual destorcido e desencaminhaste.


Já que a consciência nos permite participar de uma ínfima parte de nos mesmo, de vislumbrar apenas uma pequena porção do que chamamos alma, a arte, onde a música é apenas uma pequena parte, nos abre portas onde o suspiro de nossas inquietações pode subir até a tona de nossa consciência. A arte nos religa (daí vem a palavra religião – Religare) com nossas profundezas.


Ao debruçarmos sobre o tema tempo encontramos um paradoxo. Tempo, algo tão próximo e tão transcendental. Explico-me: Acordamos a tal hora, temos hora para dormir, para chegar ao trabalho, para almoçar, para jantar... Passamos a vida correndo atrás do tempo, o tempo todo. E, ao final do dia, quando iniciamos nosso repouso, já temos a agenda lotada para o próximo dia. 

Despertadores, relógios, celulares e até micro ondas vivem para provar a nós mesmos que o tempo e sempre curto.
Porém, com toda essa participação em nossas vidas, o tempo é um mistério insondável. 

Ele divide com o espaço as quatro dimensões fundastes desse universo. Como a face oculta da historio, o tempo escapa o nosso sentido, as nossas percepções. O que percebemos como Ontens, hojes e amanhãs são questionados pela física quântica, que admite uma unidade nessas três formas temporais e que só são distintas pela nossa forma de tomar consciências delas. Seria como ter na mão o DVD de um bom filme. Nesse momento todo o filme, trilha sonora créditos, tudo está no mesmo lugar, no DVD, mas para vivenciar o que esse filme pode me transmitir, tenho que assisti-lo quadro a quadro.


Como brasileiros recebemos de nossos colonizadores a noção de que o tempo é um revelador de seus próprios segredos, ou seja, o tempo é auto-explicativo.  Aquilo que não compreendemos hoje, o mistério que nos escapa nesse aqui e agora, nos será revelados pelo passar do tempo. Essa é a visão messiânica. Muito bem representada pela pena de Sisifu, herói grego que é penalizado por Zeus a rolar uma pesada pedra e tirá-la de um buraco, mas essa pedra excede as forças do condenado, assim quando cassado deixa cair a pesada pedra ela retorna ao fundo de sua prisão, tornado eterna a sua pena.

Nessa concepção temporal está a base do progresso. Palavra que de tão importante aparece em nossa bandeira. Progresso, proposta para que sacrifiquemos o hoje em função de um amanhã melhor. Essa noção torna o hoje um investimento e o amanhã um campo dos sonhos, onde desfrutarei tudo o que investi ao longo de uma vida.


“Eu vejo o futuro refletindo o passado...” Casusa já nos advertia nos idos anos 80. Uma tendência ao saudosismo. Cantores que viviam de seus sucessos passados. Regravações de músicas e filmes que no passado maçaram gerações. Novelas e até samba enredo de carnavais passados são repetidos ou regravados e voltam do passado para iluminar o futuro.  Tornado assim o futuro próximo apenas uma repetição do passado. Sem grandes novidades, já que o que vem é apenas uma repetição do que já se foi.


Essa falta de perspectiva do novo se insere em uma dinâmica de consumo cruel, onde o novo é a ordem do dia, e que ficamos ultrapassados com muita velocidade. Na área tecnológica essa noção fica bem clara. Uma novidade tecnológica a cada dia tornando a anterior obsoleta e fonte de críticas, enquanto que a novidade é fonte de desejo e consumo. Nesse contexto o tempo é vivido pela juventude como um “aproveite o agora!”.



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